Acompanhando o tédio

Aqui se encontra uma história... que pretende crescer. Gostaria que todos a apreciem, se não, pode haver uma troca de opnioes! Obrigada

Meus pais estavam sentados juntos mesa, a mesa farta como de costume, e minha fome perdida como sempre. Mas especialmente hoje, havia algo de peculiar na mesa, algo brasileiro, e de repente Elisabeth vem ao meu encontro, sorridente como um anjo, e me abraça, me acolhendo como jamais tinha sido acolhida. Meu coração sentiu o calor de um abraço materno, como jamais havia sentido. E naquele momento eu só pude chorar e abraça-la, não só retribuindo como também deixando meus sentimentos e angustias saírem na forma de carinho. E quando eu achei que meu novo pai também só me daria coisas materiais, eu encontrei o calor de outro abraço, o afeto de pai acabara de me tocar, e percebi que poderia algum dia esquecer todo o sofrimento que tive quando criança, por não ter meus pais...

Sentamos-nos a mesa, Christian e Henri, chegaram afoitos e esfomeados, sentando apressadamente, rezamos, e comemos ate dizer ‘chega’. Fui para meu quarto e lá estava Christian apoiado em minha varanda, ele não percebeu minha presença, e fui ate que ele se virasse e visse o cuidado que eu estava tento para assustado e expulsá-lo de lá. Assustei-me quase caindo por cima das minhas próprias pernas, me recompus e ele ajoelhou-se com os olhos suplicantes:

- Anita... Preciso da sua ajuda! Não quero mais o que estou vivendo não posso mais suportar, escondendo tudo de você, escondendo a verdade. Preciso de você pra me ajudar!

Assustada, e apreensiva, o levantei do chão.

- O que houve Christian? Calma, senta aqui.

Falei preocupada.

- Anita, eu cansei de fazer isso com você, não quero mais me contrariar, quero dizer o que sinto.

Disse Christian em meio aos soluços de choro.

E então antes que eu pudesse dizer algo, nuvens negras encobriram o céus que segundos antes estava em um azul claríssimo e só pude ficar sem reação, pois quando virei para olhar Christian. Ele apenas havia sumido. Completamente. De repente, ficou tudo escuro, tudo a minha volta estava escuro. Eu só conseguia saber que eu ainda estava inteira por estar sentindo meu corpo pesado, sendo atraído para o chão, vazio e frio. Foi quando acordei, foi um sonho? Alucinação? Que parte disso tudo é sonho? O que foi real? Perguntei-me em questão de segundos, entretanto percebi que já não estava em casa, muito menos no meu quarto. Eu estava em um lugar parecido com um celeiro velho. Levantei do chão que estava cheio de feno, limpando minha calça jeans, me deparei com alguns instrumentos que mais pareciam de tortura, e sim, eu não estava louca, haviam maquinas estranhas. Meu Deus onde estou? Pensei. De repente alguém me puxou pelo braço para trás do feno. Ele era tão familiar, sim claro, eu o conhecia.

- Garota, fique quieta, o que você faz aqui?

Perguntou Henri , perturbando meus pensamentos.

- Henri, você esta aqui! O está acontecendo? O que é isso tudo?

Perguntei esbaforida.

Henri, tampou minha boca com rapidez e força, ao menos sem responder minhas perguntas.

2. O baile de verão

Um sorriso que há muito tempo não aparecia, ressurgiu em questão de segundos, fiquei feliz, e imediatamente saí correndo do quarto a procura de Henri. Fui ao seu quarto, abrindo a porta sem bater e deparei com algo que não esperava. Henri estava com uma garota no quarto, ele estava a beijando com tanto carinho, que voltei rapidamente na esperança de que ele não tenha ouvido meu alvoroço. Já no meu canto, joguei-me na cama, parei e pensei em quanto me fazia falta um toque doce e tranqüilo... Liza, minha perfeita esperança...

De repente Christian entra gritando:

- Anita! Tenho uma coisa especial para você!

- O que é? Você realmente não me suporta, não é?

Eu perguntei com tom de raiva.

- Desculpe, mas tenho uma noticia para você... VOCÊ VAI AO BAILE DE VERÃO COMIGO e eu comprei o vestido para você!

- De forma alguma! Já tenho meu par!

Falei decidida, na expectativa de vê-lo cair na real.

- Não, Não, quem? Henri?

Com olhar descrente.

- Sim! Ele me deu o vestido antes! E vai me levar!

- Não! Não pode ser! Acho que dona Anita anda um pouco desenformada... Henri tem namorada! Ele vai com ela.

Quando ouvi Christian, senti um nó na garganta e só não queria vê-lo na minha frente!

- Vá embora Christian! Não quero seu convite, nem seu vestido idiota, engula ou convide outra!

Ele sorriu com ar de vitória e retirou-se do quarto.

Jamais pensei que Henri pudesse omitir isto de mim, me convidar e ao mesmo tempo levar a namorada, como seria possível?

Com sua sutileza, Henri chegou com calma e disse:

- Anita... Preciso conversar com você.

Com o olhar tristonho, ele sentou-se ao meu lado, e segurou minha mão.

Imediatamente o olhei duvidosa e corada, pensando no porque daquela situação.

- Fale.

Eu disse com frieza.

- Preciso que tenha confiança em mim, preciso disso , principalmente no dia do baile.

O rosto dele se fechou, em uma expressão de seriedade, na qual eu jamais havia presenciado.

- Você sabe que eu confio em você, acho que agora somos uma família, não?

Eu disse querendo colocá-lo a prova.

E durante alguns instantes que mais pareciam eternidades, ele se fez calado. E eu só pude ficar estática a espera de uma palavra da parte dele, pois de mim não sairia nada, eu não ousei tentar. E de repente como em um estalo, ele disse:

- Quero apenas que confie em mim, pois sei que você ficará confusa com alguma coisa que possa acontecer por lá. Por isso te peço... Não me decepcione.

Com sua voz calma e serena, articulando cada palavra.

E ele simplesmente me deixou atônita, e saiu por aquela porta. E só tive vontade de levantar e bater pela primeira vez a porta de meu quarto.

Levantei-me depois de um longo período afogada em meus pensamentos e perguntas desesperadas por uma resposta. Era hora do almoço e eu precisava ir, naquela casa eram sagradas às horas em que havia refeições. Desci as escadas com o botão de educação ligado, não querendo ver nenhum de meus supostos irmãos, que mais pareciam crianças atrás do premio, que ainda não sei qual, porem já imaginava o que seria, quem seria.

Continuei parada no corredor, enquanto ele caminhava em direção ao seu quarto. E lembrei que estava indo para meu quarto. Ao olhar para minha cama, vi um lindo pacote com um laço bem feito, por um instante lembrei-me dos laços que ela fazia... Abri a caixa que era relativamente leve, meus olhos se abriram de tanta surpresa. Era um lindo vestido de gala, azul marinho com um broche ao lado com pequenas pedras transparentes, o chamado strass. Debaixo do vestido havia um cartão feito a mão e decorado com uma sutil pintura de um florido. No cartão dizia:

Para minha querida amiga, com todo carinho e apreço.

Espero que goste do Baile de Verão, você foi convidada por mim

Antes de sua chegada! Por favor, não recuse, acho que seria uma ótima

Oportunidade de nos conhecermos melhor

De seu amigo Henri.

-Boa tarde, você gosta de peças de teatro? É que eu curto muito esse tipo de literatura e é muito difícil nesta cidade alguém gostar que coisas de outros países, o que me consta um pouco contraditório, já que em alguns pontos da mesma adoram parecer-se com vários itens pertencentes a outras constituições, adotando-as como leis municipais.

-Nossa, depois dessa breve explicação minha peça começou até a ficar enfadonha. Dei um sorriso, sem graça.

Ele também sorrira, porém com uma expressão abobalhada. E continuei dizendo:

-Você é o Henri, não é?

-Sou. Bem na verdade, vou ser bem sincero. Nós dois estamos disputando sua atenção, pois você no final da semana vai ter que decidir quem vai ser seu tutor escolar, ou seja, passar maior parte do seu dia com você, te ajudar nas lições por cada primeiro trimestre de aulas até o fim do seu ano no colegial. Como pesquisamos muitas coisas sobre você, meu pai achava que era melhor conhecer-me com mais tenacidade do que meu irmão para que fiquemos amigos, gerando um apoio natural de nós dois.

Ele de repente parou de falar, mas eu queria continuar ouvindo...

-Continue, quero saber o que eu tenho que fazer daqui a uma semana. Dei um sorriso

-Enfim, o Christian sempre foi muito teimoso, e desde sempre brigamos muito por causa de nossas diferenças, porém desta vez ele foi menos coerente do que das outras ocasiões. Só gostaria que fosse um pouco mais cautelosa com meu irmão, ele tem um atrativo que eu não tenho... A astúcia e o jeitinho de convencer as garotas.

-Ok. Tomarei cuidado, só me responda uma coisa. Você tem mais livros?

Só com seu sorriso, ele já me respondera tudo. É incrível como os homens se derretem por nós, porém ele não sabe que não estou afim de nenhum deles. Só quero minha vida de volta! E a quero novamente em meus braços... Ele levantou e me deu a mão, levantei e ele me ajudou a me erguer, e fomos para uma parte da casa que eu ainda nem sabia que existia. Era uma espécie de outra ala e me deixou muito feliz, pois havia uma sala, ou melhor, uma Biblioteca! Sim, era um sonho de criança curiosa... Ter uma biblioteca em casa. Ele foi apresentando-me cada prateleira e de repente uma voz.

-Isso, continue mostrando o ser nostálgico que você é, Henri.

Disse Christian, com um tom nada amistoso.

-Isso não é estar sendo nostálgico como você afirma, apenas estávamos falando a mesma língua, diferentemente do que faz com ela.

Disse Henri, com um sorriso de vitória. E mal sabia ele que, naquele momento Christian perdera a batalha, e mostrava que realmente havia começado uma guerra, da qual ele não conseguiria deixar o irmão ganhar de jeito algum.

Embaracei-me em tantas deduções e simplesmente os deixei naquela biblioteca, porque já estava quase na hora do almoço. Minha fome já tocando o sino. Caminhei lentamente pelo jardim na esperança de refletir todas estas situações, porém tenho agora uma família, não estava mais sozinha. Elisabeth me viu e me chamou avisando que o almoço já estava na mesa... Realmente eles almoçam na hora “certa”, quando cheguei dentro da sala de jantar todos estavam me esperando. Sentei-me e todos ficaram em silêncio por alguns instantes e de cabeças baixas, então deduzi que poderiam estar rezando; abaixei a cabeça e também comecei a rezar, pois já fazíamos isto na casa de nossa tutora, Dona Mercedes, com tantas crianças conseguia manter a ordem... Belos tempos aqueles.

Depois dos meus longos 10 minutos de “oração intensa” abri os olhos, e todos me olharam e Elisabeth disse:

-Nossa você é um exemplo de garota, coma e espero que aproveite sua primeira refeição aqui em Madri. Acredito que sua estada possa ser bastante satisfatória, por que temos muito que fazer com você...

Muito que fazer? Enfim, vou comer, pois é o melhor que eu faço... Estávamos todos em silêncio, olhei para frente na expectativa de ver rostos concentrados na comida, entretanto vi Henri olhando para mim no instante em que Christian tinha dado uma cotovelada nele. Soltei um sorriso meio de lado e voltei a comer. Quando acabei todos estavam esperando-me para a sobremesa, pois a mesa já estava com as sobremesas. Nunca havia saído de uma refeição tão cheia, acho que não vou nem lanchar. Pedi licença, e saí da mesa em direção ao meu quarto de “aura feminina” e enquanto subia as escadas comecei a ouvir sussurros... E então reconheci meu nome e pra variar quem havia murmurado... Sim, o Christian.

- Não finja que não ouviu... Sei que você está sorrindo. Disse ele com uma voz segura e prepotente.

- Eu não estou sorrindo! O que você quer? Eu disse com um tom intimidador.

- Só quero conversar com você, custa? Com uma entonação duvidosa.

- Não custa, mas você vai desperdiçar seu tempo comigo? Tentando fazê-lo mudar de ideia

- Só queria pedir desculpas pela manhã, na biblioteca. Fui rude com meu irmão e indelicado com você. É que meu irmão às vezes me irrita querendo ser intelectual.

- Seu irmão não quer ser intelectual. Ele tem um dom para argumentação totalmente fascinante.

­- Então, você pode me conceder o prazer de mostrar-lhe o quanto sou interessante?

- Não!

Como pode esses dois estar em “pé de guerra” tão cedo. Só estou aqui há dois dias!

- Como posso te convencer? Quero apenas que você não se arrependa de escolhê-lo como seu tutor...

Porque ele alega tanto que é melhor que o irmão. O ar de superioridade vive nas proximidades desta casa! Ele adora abusar do poder que acha que tem sobre mim. Garotos...

- Você pode me deixar em paz! Seria um belo modo de convencer a mim.

Sutileza nunca foi meu forte.

- Ok, lhe deixarei pensar... por enquanto. Contudo tenha certeza que se observar com muita atenção verá que eu serei seu tutor!

Outra vez, o devaneio tomava conta do meu inconsciente, me constrangendo até em escapadas que minha mente tem para ela!

Novamente ele me tocava, com tal sutileza que até senti suas mãos tremerem ao me tocar, desta vez me entreguei conforme um suicida jogando-se de um prédio para tentar acabar com suas frustrações, meu corpo não o negava como fazia com os outros, era uma simples doação, seria errado?

Eu não gosto deles, nenhum deles!

Quando isso veio a minha mente, pensei em todos os meus problemas com os garotos, e percebi que mais uma vez que minha historia de vida daria mais certo com “elas”, me senti mais decidida do que fazer, porém agora moro aqui, como vou fazer para me portar? De repente,

Acordei e o vi...

Christian! Parecia uma estátua esperando o meu despertar, com uma bandeja de café da manhã. Esfreguei meus olhos, e dei um bom dia com sorriso e como resposta...

-Você é tão bonita dormindo, com suas feições em constante mudança. Ele disse.

-Escuta, você fala português? Eu disse, com surpresa.

-Todos nós aprendemos, antes da sua chegada, para haver uma comunicação melhor. Ele murmurou com um pouco de vergonha.

-Puxa, desculpe o incomodo – passei minhas mãos pelo cabelo para prendê-lo –Não queria que houvesse tanta mobilização por minha causa, pois não mereço tanto afinal sou uma intrusa na vida maravilhosa de vocês! Falei com raiva.

-Não fale isto, pois ultimamente a única mudança que tem ocorrido nesta casa, é a sua vinda para nosso lar. Disse ele com um sorriso que não daria para dizer que estava mentindo.

Então ele entregou-me a bandeja, que era muito farta e comecei a “devora-la”!

-Coma tudo, porque daqui a pouco lhe explicarei como funciona sua nova escola, que provavelmente deve ser totalmente diferente da sua no Brasil.

-Realmente, pois ouvi dizer que esta cidade tem uma “aparência de EUA” – Sorri enquanto comia pedaços de mamão picado – Meu segundo grau também será feito em quatro anos?

- Sim...

Com os olhos voltados para baixo, ele me olhos nos olhos e de uma forma agressiva e dominadora disse:

-Mas não me faça mais perguntas!

De uma forma estranha ele mudou sua expressão de um modo totalmente rápido e com um sorriso repentino disse:

- Estou brincando! Eu faço as perguntas, nós temos que te conhecer. Irei tomar café no andar de baixo, se precisar de algo estaremos pela casa. Até.

Ele fechara a porta. Percebi que havia terminado todo meu café enquanto conversava com Christian. Pensei em como eu estava distraída e pensativa.

Queria tanto que ela estivesse aqui, me fazendo carinho. Sinto saudades das vezes em que ela me fazia pensar que a vida não era mais do que contam, e sim a capacidade de enxergar e não ser limitado à conclusão alheia. Enquanto me recordava dela, vesti a me com uma camiseta e uma bermuda com bolsos, escovei os dentes e quando lavei meu rosto percebi que estava com traços mais harmônicos, pelo menos, diferentes de quando estava no Sul. Seria a mudança de ambiente? Enfim, não importa. O que realmente importava eram os gritos que provinham do primeiro andar, com muita sutileza fui olhar o que estava acontecendo.

Enquanto saia do quarto fui às pontas dos pés para não perceberem, cheguei ao fim do corredor e comecei a descer as escadas com mais cuidado ainda. Cheguei à entrada e não era ali, fui nesse tempo para cozinha e tive que abaixar-me rapidamente para que não me vissem.

-Escuta! Henri, ela só pode ter apenas UM de vocês como seu tutor, não adianta insistir, você terá de ganhar a confiança dela para ela poder te escolher, faça o mesmo que seu irmão; trate-a bem, é muito simples! Disse Fernando.

-Mas, Pai! Ele está sendo redondamente hipócrita com ela. O que ele foi fazer de manhã foi apenas o inicio para o seu plano de indução, para que ela se apaixone por ele, fazendo com ele tenha o poder sobre o controle de escolha dela! Pai, você sabe que não é isso que eu quero. Fale com ele, por favor!

-Sim, filho, eu e sua mãe tentaremos convencê-lo, contudo não garantiremos nada. Está bem?!

-Está. Quero mostrar quem sou eu, para não jogar sujo como meu irmão sempre faz! Ele disse, retirando-se da cozinha.

Fiquei perplexa, ao notar que tal situação ocorria debaixo do meu próprio nariz sem ao menos eu desconfiar de algo estranho! Realmente quando se muda de um ambiente perdemos nossa lista de sinais físicos e temos que reconstruí-la. Um trabalho árduo, entretanto necessário para convivência! Levantei-me calmamente, e fui ate a cozinha para ir para o jardim dos fundos, que com certeza daria para construir outra casa como a deles, peguei um livro e sentei ao lado de uma arvore com a maior sombra possível, pois não gosto de sol nos meus olhos. Havia começado a lê-lo em alguns minutos e já estava quase na metade, e foi quando ele sentou-se ao meu lado dizendo:

As portas do céu se abriram! Eles imediatamente vieram em meu auxilio levando minhas bagagens para dentro da casa, e então descobri o que me esperava...

Pura beleza, ou talvez sutis formas de não demonstrar o que há de obscuro?

Viajei!

Entrei e era cheiroso e agradável, de repente um barulho no ar, meu estomago deu aquele rugido, e então me lembrei que desde o café da manhã no Brasil que não comia... Atenciosamente Elisabeth assim que ouviu, olhou para mim e me convidou para lanchar, e imediatamente aceitei afinal aquele era meu futuro lar durante tempo indeterminado, pois agora sou ADOTADA.

Fernando, meu novo pai, após meu apetitoso lanche me convidou para conhecer o ambiente. De repente percebi que perdi a maravilhosa entrada da casa dos Fernandes. Ela simplesmente era cortada por um lance enorme de escadas centrais que originava dois corredores para o segundo andar, de frente a porta havia uma mesa retangular com suas bordas arredondadas e com um jarro de orquídeas com tons variados o que não era estranho, pois, era verão aqui! Naquele momento de contemplação, a porta se abriu, como se já não bastasse meus pais que são “conservados” no auge de seus 30 anos, meus novos irmãos entraram pela porta com certo alvoroço... Cumprimentaram-me, falaram com os pais e de repente quem estava me mostrando a casa eram eles!

Fui perceber que a beleza resultante era dobrada! Somente havia diferença no tamanho e jeito de vestir dos dois. Eles eram altos, olhos mel-esverdiados, morenos quase que índios, cabelos lisos, Henri com cabelos longos, usava-o preso, vestindo-se alternativamente uma camisa Pólo e uma calça jeans surrada e um típico All Star. Já Christian, com uma camisa regata com seus dotes musculares a mostra, e uma bermuda quadriculada e um tênis de marca qualquer, afinal, não sou o tipo de garota que liga para marcas. Eles me mostraram a cozinha que era bem equipada, ao que se indica vou poder fazer minhas comidinhas a vontade, ou não?!

Fomos para as escadas e então, Fernando chamou-nos lá fora, mas lá fora onde?

Bom tinha uma sala de estar com uma daquelas janelas-porta que dava para o “quintal”, abri e saí, pegando um ar ainda mais agradável de verão.

Fernando havia pegado um molho de chaves, e um pequeno chaveiro com umas quatro chaves e me entregou, afirmando que uma das chaves, que era de carro, pertencia ao meu novo transporte escolar, nunca tive um carro, muito menos idade para tirar habilitação no Brasil, pois lá só depois dos dezoito anos. Eu apenas tinha dezesseis, nesta explicação ele, me afirmara que naquela cidade com dezesseis era uma idade legalizada, como era nos EUA. Nossa tinha um carro, escola, e irmãos lindos. Finalmente, os meninos me mostraram o caminho para meu quarto e onde ficava os deles e dos “nossos” pais. Andei pelo longo corredor admirando as belas obras penduradas na parede, quando vi em minha porta uma placa pendurada dizendo: “Aqui dorme nosso aura feminina”, imediatamente tomei um susto, pois “aura feminina”, como assim, também tem a Elisabeth, ela não parecia do tipo valente. Abri a porta e meu quarto era todo coberto de papel de parede de fundo amarelo e margaridas desenhadas, minha cama era de casal e tinha vários travesseiros e pufes no chão de variadas cores, uma janela com cortinas brancas quase transparentes, uma escrivaninha com várias coisas, estojos, cadernos novos e algo embrulhado... E como o desconhecido me chama atenção, fui abrir para ver o que era.

Notebook?! Que loucura! Eu tenho um computador! Surreal demais!

Joguei-me na cama e avistei minhas malas já no quarto!

Sutileza é tudo nesta casa, continuando a rir a toa, acabei de tanto cansaço tirando minhas roupas da mala, guardei algumas e fui tomar banho.

Meu banho no próprio quarto! Suíte! Isto só pode ser muito sonho!

Tomei um banho de banheira com espuma e só coloquei uma roupa íntima e uma camiseta e fui me aconchegar um pouco na cama, e quando dei por mim, já havia dormido.

Prólogo.

Voltei à realidade, mas não queria. Tive que respirar, pois a morte ainda não me quer.

No meu mundo de devaneios e escuridão, nada pode fazer a luz entrar, a não ser que...

Esqueça!

1. Viagem pressuposta

Era uma manhã fria de inverno, como sempre era aqui no Sul, realmente um inescrupuloso inverno. Já estava quase na hora do alvorecer, entretanto queria voltar a dormir, queria voltar ao meu sonho ou pesadelo, pois eu estava no meio de uma multidão na qual todas as fisionomias me eram irreconhecíveis. De fato, eu estava determinada a retomar meu devaneio, pois nada melhor do que o desconhecido.

E então “melhor” que isto, minha companheira de quarto grita:

- Acorda garota! Senão seu avião sairá sem você!

Então, levantei-me desesperadamente na esperança de tomar uma ducha quente e me vestir.

**************************

Entrei no avião despedindo-me do Brasil, pensando em como seria quando chegasse a Madri – um suspiro toma conta de mim – E a dúvida da aceitação pairava sobre meu inconsciente, entretanto o avião já havia se retirado do chão.

Não há mais volta, desistir não adianta mais. Sem dúvidas, a exaustão tomara conta do meu corpo, adormecer foi inevitável, e então voltei ao meu devaneio...

Ele chegava cada vez mais perto, e então parecendo como por encanto, já com os olhos fechados, na obscura noite; ele me afogou com seus lábios e suavizava seu tato indo do álgido ao canto mais ardente do meu corpo. E eu me perdia em gestos, sensações e gostos desconhecidos, na ânsia de desfrutar e olhar-lo nos olhos e com isso fui soltando-me pouco a pouco... E quando finalmente veria o agente do meu desconhecido encanto...

- Senhorita, o avião já pousou, por favor, acorde. Disse a comissária de bordo.

Atordoada por causa das gotas de suor percebi meus lábios úmidos, como se houvesse acabado de beijá-lo . Peguei minha bagagem de mão e fui esperar minhas outras “pequenas malas”. Na verdade, não sabia exatamente quanto tempo ficaria aqui fazendo “visita”. Será que irão me aceitar? Uma família já estruturada, com uma mãe, pai e dois filhos homens. Bem já havendo um frio em minha barriga por conhecê-los, teria também que me apresentar e falar espanhol, afinal eles moram em Madri, centro da Espanha, maldito pressagio. Não é que seja difícil, porém aqui eles falam muito rápido, atenção é muito importante. Observar é um dom!

Andando pelas ruas, meio estonteada em busca do tal endereço, pensei melhor e peguei um táxi até a casa dos Fernandes.

Era um bairro todo feito por casas enormes e uma delas tinha um destaque diferente, creme e verde clara com o jardim maior do que das outras casas; olhei o endereço e verifiquei com o motorista se realmente era neste local que eu deveria parar. Ele me confirmara... Era simplesmente aqui.

Pulei do táxi, paguei a “voltinha” com uma gorjeta mais gorda do que o normal, pois ainda não tinha muita pratica com a nova moeda em minhas mãos, apesar de ter visto e lido sobre boa parte das coisas daqui; pois no Brasil dar uma gorjeta equivalente a 30% da corrida é loucura porque lá ninguém se quer dá gorjeta!

Da mesma forma o motorista ficou maravilhado e me perguntou se ele estava sonhando, respondi que não e que ele merecia. Ele me ajudou a colocar as bagagens para fora do porta-malas e então ocorreu o que havia esperando por tanto tempo...

Visualizaçoes *-*

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Sou uma pessoa que busca apenas o que há de bom, e tenta observar o que é ruim para estudar atitudes de uma forma que haja algum tipo de ajuda a ela (pessoa)

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